sexta-feira, 24 de junho de 2011

Pedagogia Waldorf

 

Waldorf A Pedagogia Waldorf foi introduzida por Rudolf Steiner em 1919, em Stuttgart, Alemanha, inicialmente em de uma escola para os filhos dos operários da fábrica de cigarros Waldorf-Astória (daí seu nome), a pedido deles. Distinguindo-se desde o início por ideais e métodos pedagógicos até hoje revolucionários, ela cresceu continuamente, com interrupção durante a 2ª. Guerra Mundial, e proibição no leste europeu até o fim dos regimes comunistas. Hoje conta com mais de 1.000 escolas no mundo inteiro (aí excluídos os jardins de infância Waldorf isolados).

As escolas Waldorf sempre foram integradas da 1ª à 8ª (ou 9ª) séries e até a 12ª quando possuem o ensino médio, de 4 anos. Não há repetições de ano e nem atribuição de notas no sentido usual.

Uma das principais características da Pedagogia Waldorf é o seu embasamento na concepção de desenvolvimento do ser humano introduzida por Rudolf Steiner. Essa concepção leva em conta as diferentes características das crianças e adolescentes segundo sua idade aproximada. O ensino é dado de acordo com essas características: um mesmo assunto nunca é dado da mesma maneira em idades diferentes.

Ela é uma pedagogia holística em um dos mais amplos sentidos que se pode dar a essa palavra quando aplicada ao ser humano e à sua educação. De fato, ele é encarado do ponto de vista físico, anímico e espiritual, e o desabrochar progressivo desses três constituintes de sua organização é abordado diretamente na pedagogia. Assim, por exemplo, cultiva-se o querer (agir) através da atividade corpórea dos alunos em praticamente quase todas as aulas; o sentir é incentivado por meio de abordagem artística constante em todas as matérias, além de atividades artísticas e artesanais, específicas para cada idade; o pensar vai sendo cultivado paulatinamente desde a imaginação dos contos, lendas e mitos no início da escolaridade, até o pensar abstrato rigorosamente científico no ensino médio. O fato de não se exigir ou cultivar um pensar abstrato, intelectual, muito cedo, é uma das características marcantes da pedagogia Waldorf em relação a outros métodos de ensino. Assim, não é recomendado que as crianças aprendam a ler antes de entrar na 1a série. Sobre a necessidade do brincar infantil no jardim-de-infância, veja-se o artigo "Crisis in the Kindergarten: why Children Need to Play in School" editado pela Alliance for Childhood. Para as caracterizações sucintas do desenvolvimento infantil e juvenil em períodos de 7 anos, os setênios, base fundamental da pedagogia, vejam-se os artigos de Sonia Setzer sobre educação e drogas e o de Sonia Ruella. Como o computador força um pensamento lógico-simbólico, nenhuma escola Waldorf digna desse nome utiliza essa máquina, sob qualquer forma, antes do ensino médio (9ª série na seriação Waldorf).

As escolas Waldorf são totalmente livres do ponto de vista pedagógico, pertencendo em geral a uma associação beneficente sem fins lucrativos. Idealmente, a administração escolar é feita pelos próprios professores (veja-se texto de Rudolf Steiner a esse respeito). Cada escola é independente da outra: o único que as une é o ideal de concretizar e aperfeiçoar a pedagogia de R.Steiner, visando formar futuros adultos livres, com pensamento individual e criativo, com sensibilidade artística, social e para a natureza, bem como com energia para buscar livremente seus objetivos e cumprir os seus impulsos de realização em sua vida futura. O amor que os professores Waldorf devem desenvolver pelos seus alunos e o conhecimento profundo que eles adquirem de cada aluno são outras características fundamentais da pedagogia. Por exemplo, idealmente durante os 8 anos do ensino fundamental cada classe tem um único professor que dá todas as matérias principais, isto é, fora artes, artesanato, educação física e línguas estrangeiras (em geral duas, nos 12 anos de escolaridade). No ensino médio há um professor que, durante os 4 anos, assume o papel de tutor da classe. O médico escolar tem nas escolas Waldorf um papel fundamental de apoio médico-pedagógico aos professores e deve conhecer profundamente a pedagogia.

Nos Estados Unidos, as melhores universidades costumam aceitar com preferência os ex-alunos Waldorf, pois sabem que se trata de jovens diferenciados, com uma vasta cultura, com capacidade de concentração e aprendizado, e alta criatividade. Nesse país, que tanto se caracteriza pela praticidade de seu povo e pela liberdade de ensino, houve nos últimos 30 anos uma explosão de escolas Waldorf, que passam hoje em dia de uma centena.

No Brasil há 25 escolas Waldorf ou de inspiração Waldorf (sem contar jardins de infância isolados), sendo 4 em S.Paulo (3 com ensino médio). A mais antiga, existente desde 1956, é a Escola Waldorf Rudolf Steiner de São Paulo, que tem cerca de 850 alunos e 75 professores. Agregado a ela há o curso mais antigo de formação de professores Waldorf no Brasil, reconhecido oficialmente. Em 2010, segundo o site da Federação das Escolas Waldorf no Brasil, há um total de 73 escolas Waldorf reconhecidas por ela, com 2050 professores e 2500 alunos de jardim de infância, 4180 alunos no ensino fundamental, 580 no ensino médio.

No Brasil, espera-se que os formados no ensino médio ainda façam um semestre ou um ano de cursinho para entrar nos cursos superiores mais concorridos, se bem que tem havido muitos casos de aprovação no vestibular nas melhores universidades, sem cursinho. Em geral, os ex-alunos entram em faculdades de procura média sem necessidade de preparo adicional.

Fonte: http://www.sab.org.br/pedag-wal/pedag.htm

Imagem: cerebropedagogico.blogspot.com

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Princípios fundamentais do Projeto Educação Proibida

 
fundamentos Viver é Crescer
É fundamental compreender a importância do crescimento, pois sem crescimento não existiria a educação, já que seu papel é o de acompanhar o crescimento e o desenvolvimento. A vida é crescimento físico (multiplicação celular), emocional (vivências, experiências, maturação) e mental (aprendizagem, entendimento, compreensão). A vida se nutre do crescimento, entendido como aprendizagem, desenvolvimento e construção de um ser em todos os aspectos. Tanto os adultos como as crianças estão em constante crescimento, tudo o que nos acontece é parte de nossa educação. Aprendemos em casa, na escola, no escritório. As crianças estão crescendo o tempo todo, e todos os momentos que vivem são importantes e valiosos em seu desenvolvimento.
O Objetivo é o Processo
Tudo é um processo que contribui para o crescimento. Nós gastamos séculos procurando felicidade no futuro, quando o princípio da vida é viver feliz. A vida se desenrola de acordo com diferentes fases, com diferentes necessidades e, respeitando esses processos vivos, as aprendizagens são mais eficazes, mais vivas. Depositemos a nossa atenção no caminho, no trajeto e na aprendizagem. Quando os processos são completos e autênticos, os resultados são sempre positivos porque desses processos aprendemos, nos desenvolvemos, crescemos.
A vida não pode se desenvolver pensando-se no futuro, são os processos que respondem às necessidades e interesses presentes no crescimento. Procuremos introduzir na educação o respeito pelos processos de desenvolvimento humano através da aprendizagem ativa, da experimentação, de encontrar o sabor e a diversão do conhecimento e da vida. Que cada dia seja único e irrepetível, uma nova etapa em nossa jornada. O objetivo é o processo, não o fim.
Tomada de Consciência
É essencial que como pessoas e educadores comecemos a caminhar rumo a uma educação consciente. Para isso é importante nos perguntar por que educamos, como o fazemos, por que tomamos decisões que nos motivam a cada passo.
O método de investigação científica implica em conhecer o objeto de estudo, neste caso o homem, a criança, a vida. Nós precisamos conhecer as crianças, conhecer ao homem. Em um nível geral, seus processos de desenvolvimento, sua natureza, suas necessidades e a nível particular, sua história, seus interesses, suas habilidades, suas emoções. Só conhecendo a criança poderemos ajudá-la em seu processo de desenvolvimento e educação.
Liberdade implica Autonomia
O homem nasce livre e vive com o desejo de aprender, está absorvendo conhecimento do ambiente o tempo todo. O ser humano constrói a si mesmo, todas as informações necessárias para o seu desenvolvimento estão dentro de você, esperando o momento certo e o ambiente ideal para se expressar plenamente. A liberdade é o quadro onde se desenvolve a vida, a autonomia é a essência que expressa as necessidades vitais de cada ser humano. A melhor maneira de alcançar um mundo onde todos são livres para pensar e fazer por conta própria, é experimentando o controle da própria vida, a independência, o respeito pelos nossos processos.
Somos Únicos e Irrepetíveis
A diversidade existe em todos os seres vivos, cada um nasce e se desenvolve com um padrão único que nos torna diferentes. Isto significa que temos ritmos e formas de vida diferentes, condições, capacidades, interesses, histórias diversas.
Vamos começar a considerar que todas as variáveis são importantes na hora de aprender, podemos aprender de diferentes, formas, maneiras e tempos. Tudo à nossa volta nos faz aprender, a escola, a família, a comunidade, os amigos, os meios de comunicação. Há uma educação para cada um de nós, uma maneira de ver o mundo diferente, um ritmo de desenvolvimento único.
Abertura à Mudança
A vida segue em uma ordem de constante mudança e desenvolvimento, a própria natureza é regulada por este princípio de transformação. Os processos que atravessamos dia a dia nos motivam à mudança e ao crescimento. A história da humanidade mostra que cada crise é uma oportunidade e a abertura à mudança é um fator essencial para o êxito do desenvolvimento de uma pessoa e da sociedade.
Hoje o mundo está enfrentando processos de mudança muito fortes em todos os aspectos e é necessário nos abrirmos a essas mudanças. Nestes tempos a educação em todo o mundo está em uma crise única em sua história. Embora tenha mudado ao longo do tempo, hoje a educação formal não está satisfazendo as necessidades do mundo em que atua. O paradigma educacional dominante nos últimos 200 anos precisa transformar-se para os tempos atuais.
A mudança envolve conflito, definitivamente acarreta numa crise, mas é também uma oportunidade de aprendizagem e desenvolvimento. A abertura à mudança é vital para o crescimento. A educação pode aplicar a abertura à mudança sendo mais flexível, deixando o dogma e transformando-se em uma escola viva, que cresce com o passar do tempo e das pessoas.
Amor e Cooperação
O amor implica conhecer-se, valorizar-se, compreender-se, aceitar-se e respeitar-se. Respeitemos a todos e cada um de nós. Desde a concepção já temos determinada a conformação de nosso ser e é respeitando esse processo vital que conseguimos nos realizar.
O amor implica deixarmos ser, oferecer tudo de cada um, conhecer e respeitar os ritmos de quem nos rodeia e entender que necessitamos uns dos outros. Desejar o melhor para nós e para os outros.
O trabalho em equipe, a idéia de que vivemos em sociedade. Onde compartilhamos recursos, tempos, objetivos, sentimentos com nossos semelhantes. A cooperação nos permite viver em um ambiente pacífico onde podemos nos realizar, aportar às necessidades alheias, mas sem interferir em seus processos autônomos.
É elementar que entendamos que a cooperação é parte da natureza humana, é parte da vida, o acompanhamento é essencial para o desenvolvimento da vida, a nível celular e a nível social. Desenvolvemos-nos individualmente e no nosso ritmo, mas vivemos em comunidade e nosso crescimento é também o crescimento daqueles que nos rodeiam.
Fonte: http://www.educacionprohibida.org.ar/