segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

ARTE PARA CRIANÇAS...







(Imagem da Prefeitura Municipal de Varginha - Um dos Projetos Infantis aprovado pelo COMIC )

É notável que um grande escritor, antes de mais nada, será sempre o sábio leitor. Aquele que lê, saboreando cada palavra na semântica e na sintaxe, mesmo que imperceptivelmente.

Bem, diante de tal afirmação faz-se necessário, desde a mais tenra idade fazer nossas crianças tomarem contato com textos de excelências, com vocábulos ricos, narrativas detalhadas e ao mesmo tempo que possibilitem subjetividades.

Porém vamos adiante!

Assim como nem só de pão vive o homem, mas também de tudo aquilo que alimenta sua alma, não só a LITERATURA infantil tem que ser de suprema qualidade, mas também a ARTE num contexto mais amplo.

Foi assim que surgiu um material de relevância na área musical, tendo por premissa dois nomes imensos -  EDWARD LEAR e LEWIS CARROLL.

Cid Campos, faz versões de textos destes escritores criando um CD maravilhoso onde a criança pode ter contato com a ARTE NONSENSE, até então feita para adultos.

Traduzindo poemas de Lear e de Carrol, Augusto de Campos cria um rico mundo de novas descobertas e possibilidades para a ARTE INFANTIL.

Neste mesmo trabalho há poemas do próprio Augusto de Campos, Haroldo de Campos, Luís Turiba,  Paulo Leminski e Walter Silveira.

Lewis Carrol é criador do clássico ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS. Edward Lear criador do gênero "nonsense". Suas obras “A Book of Nonsense” (1846) e “Nonsense Songs, Stories, Botany and Alphabets” (1871) contêm poemas e ilustrações de sua autoria.

Diante deste princípio nasceu CRIANÇA CRIONÇA, utilizando-se dos jogos de linguagens e dos poemas destes mestres citados.

Para uma nova geração, que nasce diante de uma sociedade completamente hiperativa em todas as atividades, que tem contato com os mais vazios dos conteúdos, poder deparar com um conjunto de obras musicadas em perfeita consonância é realmente ganhar um valioso presente que nem todos os dias chega até nossas mãos.

Esta obra traz à tona um LEITOR-OUVINTE, que pode descobrir outros caminhos.

Para ter uma vaga e deliciosa ideia, a música carro-chefe deste CD - CRIANÇA CRIONÇA faz-se valer das modas de viola, combinando violão e viola de dez cordas, mandolim e harpa midi que deixa um ar  de camuflagem dos sentidos. um toque de sonhos...

Afinal, ARTE para CRIANÇAS não é BRINCADEIRA!!!

Aqui uma pequena mostragem...









Partilhando uma possibilidade para grandes divagações em salas de aulas.
As mais belas filosofias surgem de tudo aquilo que nem sempre é visível, mas que pode vir a sê-lo.

sábado, 21 de janeiro de 2012

Criando crianças de bom coração

crianças Abaixo, estão palavras lindas que espero que sirvam de exemplo para reconstruir nossa sociedade, que hoje anda na contramão, e, para que os pais se conscientizem em deixar valores de bondade à seus filhos.

“Bondade não está na moda. Crianças boazinhas passam a impressão de que estão com medo ou são meio lerdinhas. Por que isso? Porque os contravalores que a sociedade está construindo e a mídia divulgando são outros. Vencer é melhor. Ser o mais rápido, mais esperto ou mais forte é alvo da molecada. As mensagens divulgadas estão impregnadas dessas idéias, enquanto as que valorizam o “bom coração” nem aparecem.

Minha avó já dizia: “Marcos, vá brincar com aquele menino, ele tem bom coração.” Eu ia. Mesmo sem saber o que realmente isso significava. E as brincadeiras eram muito legais, a gente se divertia muito. Quando eu brincava com alguém que não recebia esse título, logo desistia. Eram brincadeiras de empurrar, bater, sacanear alguém, jogar pedras em cachorros, quebrar vidraças. Parecia diversão, mas não era. Ficava aquele gostinho de “eu não devia estar fazendo isso”. Minha consciência pesava. Fazer o mal a alguém ou a algum animal para se divertir não era certo, nem no passado nem hoje. Ninguém precisa da dor do outro para rir. Podemos rir de tantas outras coisas. Podemos rir de nós mesmos e das nossas trapalhadas. Humilhar alguém para aparecer na turma, para ser o “popular” não é o caminho ao qual devemos incentivar nossos filhos.

Como ensinar os valores corretos? Falando, explicando, mostrando o que é humilhação, mostrando a dor do outro e fazendo nossos filhos refletirem a respeito. Esse é o começo. Além disso, podemos incentivar e elogiar todas as vezes que nossos filhos apresentarem algum comportamento solidário, honesto ou de caráter. Isso os fará perceber que o caminho para a maturidade está na construção e não na destruição. Está em agir de forma a aproximar as pessoas ao invés de afastar.

Recentemente estive conversando com um empresário em um vôo para São Paulo. Conversávamos sobre contratação e demissão. Como é difícil acertar. Um dos critérios que ele utiliza para demitir é a forma como o funcionário fez amigos ou inimigos dentro da empresa. Tem gente muito chata, meticulosa, legalista, mas ajuda é solidário. Outros são barulhentos, divertidos, falastrões, mas não ajudam ninguém, são egoístas e autocentrados. Ficam esperando elogios ao invés de trabalhar e de levar outros consigo para a vitória. Querem vencer sozinhos. Esses não permanecem na empresa. Os que ficam são aqueles que, não importando a personalidade que tem, são amigos, batalhadores, que elogiam os colegas quando acertam e criticam quando erram, mas o fazem discretamente. Pessoas assim não crescem por acaso, não tem sucesso por sorte. Crescem porque desde a infância aprenderam a valorizar o outro. São pessoas de “bom coração”. ”

(Revista Viver Curitiba, 2010)

Fonte: http://opiniaosa.wordpress.com/2011/12/10/educacao-infantil-criando-criancas-de-bom-coracao/

Imagem: Blog Lysuziereflection

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

EM QUAL ESTAÇÃO PERDEMOS O TREM...

Gosto de prosear.

Quem proseia coloca naquilo que fala uma dose a mais de sentimento, energia, mágica. Retira de dentro o que há de mais profundo e simples, sem muito compromisso com teorias, mesmo sabendo que estas são importantes.

É sempre bom ter alguém para prosear e rever conceitos que sempre surgem nas divagações das prosas.

Às vezes as prosas têm rumo certo. Há vezes que vão tão longe que não se chega a resposta alguma e sim deixam mais perguntas... mas dizem que o que move o mundo são as perguntas então, que haja prosa para uma pergunta a mais, sempre!

Dias desses estava proseando com Rubem, sim, o ALVES - RUBEM ALVES.
Muitas vezes proseio com ele. Ele em seus livros e eu com meus olhos, atenta em todas as extensões de suas palavras.

Ele também proseava comigo, dizendo-me assim :


"Se fosse ensinar a uma criança a beleza da música
não começaria com partituras, notas e pautas.
Ouviríamos juntos as melodias mais gostosas e lhe contaria
sobre os instrumentos que fazem a música.
Aí, encantada com a beleza da música, ela mesma me pediria
que lhe ensinasse o mistério daquelas bolinhas pretas escritas sobre cinco linhas.
Porque as bolinhas pretas e as cinco linhas são apenas ferramentas
para a produção da beleza musical. A experiência da beleza tem de vir antes".

Então fiquei a pensar - EM QUAL ESTAÇÃO PERDEMOS O TREM? 

O trem da EDUCAÇÃO descarrilhou, perdeu os freios, saiu dos trilhos, revirou os dormentes... levantou cancelas e passou direto por muitas estações.

O amigo com quem detive-me à prosa fez-me pensar no desencantamento que a escola sofreu nos últimos anos por parte de todos seus elementos (aluno, professor, direção, políticas públicas, família).

Se antes tínhamos uma EDUCAÇÃO austera, dogmática, reprodutora e com ela o silenciar dos alunos e suas estáticas atuações hoje temos uma EDUCAÇÃO absolutamente livre e dinâmica carregada de teorias mas quem está estático e desprovido de atuação são os professores.

Talvez precisemos fazer como o grande Rubem, ensinar primeiro a beleza seja ela qual for - das flores, dos sonhos, da vida... semear as origens que aos poucos foram se perdendo, porque os infantes de hoje são absolutamente diferentes daqueles de décadas atrás.

O dinamismo da sociedade fez com que toda sua estrutura mudasse.

A família mudou e é de dentro dela que saem os alunos nossos de cada dia.

O aluno, hoje, vem abastecido de tudo aquilo que não precisamos como material didático em sala de aula. Traz consigo a desestrutura familiar, a fome, a miséria social absoluta tanto na amplitude  material quanto nas questões que vão para além da matéria.

E para isto há que se rever de dentro para fora, enquanto educador, saber se antes de encantar o aluno este mestre/professor sabe se encantar, contemplar a beleza de ensinar, se ele está ou foi preparado para ouvir junto com seus educandos as mais belas melodias, juntos, para só então adentrar na tão difícil ARTE de ensinar sistematicamente.

A caminhada ainda é grande! Os caminhos cheios de bifurcações. Impasses de que a culpa não é de ninguém, quando na verdade todos nós somos responsáveis.

Com olhar sereno, de quem passou muitos anos em salas de aula e com uma criticidade muito grande tento todos os dias arregaçar as mangas e não deixar a impotência me dominar.

Há soluções, porém não há fórmulas mágicas!

Professor não é sacerdócio. É uma profissão que sempre viveu à beira de abismos.

Sabe-se todo aquele que agarra este trabalho que quem entra na chuva molha-se todos os dias em que esta cai.

Não sei mesmo dizer em qual estação fiquei esperando o trem passar, mas o que ouvi foi só o ruído da máquina ao longe... apenas sei que talvez um outro passe, mais moderno, mais autêntico, mais cheio de passageiros dispostos a uma boa prosa, a partilhas, ao encantamento dos sonhos, mesmo aqueles que foram desfeitos...

Piui...Piui...Piui... 

Vamos subir ao EXPRESSO ORIENTE que nos levará a uma viagem entre o TEMPO e o ESPAÇO e que esta viagem possa nos abastecer de ESPERANÇAS para continuarmos a saga da EDUCAÇÃO.


                                                                                                                          (Malu Silva)